terça-feira, 28 de agosto de 2012

LUCAS SANTTANA LANÇA SEU QUINTO DISCO “O DEUS QUE DEVASTA MAS TAMBÉM CURA”

Mais de uma década depois de apresentar seu trabalho de estreia, o cantor, compositor e multiinstrumentista Lucas Santtana lança seu quinto disco “O Deus que Devasta mas Também Cura”, em março, contemplado pelo Fundo de Apoio à Música (FAM). Com produção de Santtana, que nasceu na Bahia e vive no Rio de Janeiro há 17 anos, o trabalho traz dez faixas, sendo oito autorais e duas versões. Gravadas em estúdios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, mixadas por Buguinha Dub e masterizadas por Gustavo Lenza, composições inéditas e releituras são unidas por esmeradas camadas orquestrais, ora orgânicas, ora sampleadas de obras de nomes como Beethoven, Ravel e Debussy. As pinturas a óleo com precisão fotográfica que ilustram a capa e o encarte são do artista plástico norte-americano Gregory Thielker. A faixa-título, que inaugura o álbum e desencadeou todas suas composições, é uma parceria com Gui Amabis e Dengue, criada originalmente para o disco de Amabis, “Memórias Luso/ Africanas” (2011). Em sua nova versão, “O Deus que Devasta mas Também Cura” ganha produção de Santtana em parceria com Chico Neves e arranjo e regência – com licença devida do antagonismo vocabular e literal, minimalistas e grandiosos do maestro baiano Letieres Leite. A intensa narrativa poética de “quando a cidade parou por causa da fúria de um Deus que fez ainda pior” é acompanhada pela Orkestra Rumpilezz com auxílio de trio de madeiras com fagote, clarinete e trompa. Um prenúncio da estética preciosa que pontua as nove canções que estão por vir. Sobe o índice rítmico. A segunda, e irresistível, faixa do disco, “Músico”, tem letra de Tom Zé e melodia de Herbert Vianna e Bi Ribeiro. Gravada originamente no disco “Severino” (1994) dos Paralamas do Sucesso, a música ganhou versão contundente defendida por um time laureado que celebra o tema da canção. Guitarra de Gustavo Ruiz, baixo de Marcos Gerez (Hurtmold), MPC de Curumin,sinthy de Maurício Fleury (Bixiga70), bateria de Bruno Buarque, samples de Rica Amabis (Instituto) e vozes de Céu e Santtana travam conversa suingada, certeira e inspirada com orquestrações sampleadas de Beethoven. Balanço já devidamente desperto, entram baterias eletrônicas vintage e samples do quarteto de cordas de Ravel, em combinação com alto potencial depista, e surgem os versos de “Jogos Madrugais”. “Pupilas que dilatam enquanto o corpo aquece”. “Sentidos que explodem para que outros adormeçam”. “O corpo vibra e torce, o peito não alenta” “Eu gosto de varar a madrugada, jogar até o corpo exaurido cessar resposta“. Os trechos, que poderiam tratar de uma jornada sexual alucinante e aditivada, falam na verdade de uma noitada igualmente intensa porém entregue aos prazeres de umvideogame. O refrão em inglês é inspirado em um documentário sobre neurociência. A voz de Lucas, que também assina esta composição, acompanhada de arranjo sofisticado escrito a quatro mãos com Gui Amabis, abre a confessional “É Sempre Bom Se Lembrar”, canção delicada e lancinante sobre um amor que se despede. A “balada prima irmã da faixa-título”, como classifica seu autor, conta com o produtor Gui Amabis também no baixo e samples de orquestra, Kassin no baixo acústico e sinthy, Marcelo Lobato no vibrafone, o maestro Luca Raele (Nouvele Cousine) no clarinete e Hudson Lima no violoncello. A solidão anunciada na faixa anterior conquista “moradia permanente” em “Se Pá S.K.A S.P.”, dedicada à cidade de São Paulo. Inspirado na convivência de Santtana com amigos instalados na metrópole, o ska clássico tem Morotó Slim (Retrofoguetes) nas guitarras surf music e arranjos de metais de Santtana, autor da composição. Outra canção motivada por vivências paulistanas, desta vez com letra ficcional baseada em fatos reais, a balada “Para Onde Irá Essa Noite?” conta com Marcelo Callado (bateria), Ricardo Dias Gomes (baixo), Gustavo Benjão (guitarra), Lucas Vasconcellos (teclados) e David Cole (efeitos) – formação presente em sete faixas do disco. Belém também ganha sua reverência na cinematográfica “Ela é Belém”, que desenha a cidade paraense segundo o imaginário mítico de Santtana. A descrição da terra desconhecida até então (o compositor esteve e tocou na capital pela primeira vez em 2011) é alimentada pela música e culinária paraense, referências substanciosas para esta construção. A faixa tem clima inicialmente bucólico, pacato, subitamente invadido por sonoridade digna de uma luminosa e poderosa aparelhagem de Belém. Uma fábula musical que nos leva a imaginar Dorival Caymmi feat. Maderito (Gang do Eletro). A produção orquestral e eletrônica, realizada em Salvador, é do baiano Gilberto Monte. Originalmente com letra, a única faixa instrumental do disco, “Vamos Andar pela Cidade” teve seu destino alterado por Guizado (Guilherme Mendonça). O arranjo de metais do trompetista paulistano ficou tão contundente, casou tanto com os arranjos orquestrais do disco, que Santtana resolveu presentear o disco com o tema. “Deus que Devasta mas também Cura” inaugura a parceria do compositor com seu filho, Josué, na cativante e ensolarada “Dia de Furar Onda no Mar”, que homegeia o jovem compositor e seus primos Joaquim e Mateus. Na música, Josué é autor de definições autênticas e intuitivas para diversas palavras do cotidiano. Segundo o dicionário do garoto de nove anos “almejar é beijar na boca”, “Reveillon é nome de uma empresa” e “contemporâneo é alguém sem coração”. As frases são trechos do livro “ABC do Josué”, que será lançado em 2012 pela Editora Dantes. A faixa conta com participações especiais de várias crianças, todas amigas deJosué. Bastante influênciado por suas discotecagens de Global Guettotech*, Santtana fecha o disco com uma versão nacional para “This is Not The Fire”, da banda inglesa My Tiger My Timing. “O Paladino e seu Cavalo Altar” flerta com o Kuduro de Angola e traz o multiinstrumentista na guitarra e nos games. Sobre Lucas Santtana – O compositor e multiinstrumentista Lucas Santtana tem cinco discos lançados: "Eletro Bem Dodô" (2000), "Parada de Lucas" (2003), "3 Sessions in a Greenhouse" (2006), "Sem Nostalgia" (2009) e “O Deus que Devasta mas Também Cura” (2012). Seus instrumentos são a guitarra e o violão mas também toca flauta transversal, saxofone, baixo e cavaco. Como instrumentista colaborou com Chico Science & Nação Zumbi, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Marisa Monte. Suas músicas já foram gravadas por nomes como Céu, Marisa Monte, Arto Lindsay e Fernanda Abreu. Tem canções nas trilhas sonoras de filmes como "Deus é Brasileiro", de Cacá Diegues, e "Surf Adventure2", de Roberto Moura, e assina a trilha do monólogo "O Bispo" encenado pelo ator João Miguel ("Cinema, Aspirinas e Urubus" e "Estômago"). Ao lado do diretor Bruno Barreto e Gal Costa, Santtana assina a direção musical do projeto "Trilhando", que uniu música e cinema no SESC Pompeia. Em 2011, lançou o disco “Sem Nostalgia” na Europa. Lotou o Barbican Theater, em Londres, e participou do programa de rádio Worldwide, do lendário DJ de nu jazz Gilles Peterson, transmitido para mais de 20 países, com cerca de meio milhão de ouvintes a cada semana. "Sem Nostalgia" angariou três estrelas e meia na revista Rolling Stone americana. O disco ficou em primeiro lugar no Top-5 de World Music no site da Womex 2011, foi indicado ao German Critic Awards (prêmio que equivale ao APCA na Alemanha) e ao Songlines Music Awards(UK). Ficou três meses no Top 3 da WMCE, World Music Charts Europe, associação de radialistas que abrange 12 países da Europa. Foi eleito o melhor disco estrangeiro de 2011 pelo jornal francêsLiberation e o sexto melhor disco do ano pela revista francesa Les Inrockuptibles. O reconhecimento na mídia internacional acompanha o compositor desde sua estreia, em 2000, com “Eletro Ben Dodô”. Seu primeiro álbum atraiu a atenção da imprensa e de formadores de opinião de outros países e conquistou críticas elogiosas em veículos como Le Monde, Chicago Tribune e Esquire. O New York Times considerou o disco um dos melhores trabalhos independentes do ano e Santtana caiu nas graças de David Byrne, grande entusiasta da música brasileira. Com o segundo disco "Parada de Lucas” (2003), novamente conquistou espaço no principal jornal americano, o NYT. “Um disco inteligente, para se dançar nas pistas, com o estilo do brasileiro. Seu segundo álbum é cheio de músicas incrivelmente cativantes e não desmerece o uso das máquinas.”. Em 2006, Santtana lançou “3 Sessions In A Greenhouse” e mais uma vez teve seu trabalho reconhecido internacionalmente. O álbum faturou nova menção no NYT e na revista norte-americana de jazz Downbeat, que elegeu o compositor “uma das figuras mais promissoras da música brasileira da última década”.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Centro Cultural UFG e Escola de Música e Artes Cênicas apresentam o 66º Recital em Homenagem à Nhanhá do Couto com o recital do pianista José Eduardo Martins

Centro Cultural UFG e Escola de Música e Artes Cênicas apresentam o 66º Recital em Homenagem à Nhanhá do Couto, com o recital do pianista José Eduardo Martins, dia 20 de agosto (segunda-feira), as 20 horas no centro Cultural UFG - Praça Universitária. Entrada Gratuita. No dia 21 de agosto (terça-fera), no mesmo local, teremos uma Conversa com o músico as 16h. Programa: Carlos Seixas (1704-1742) Duas Sonatas Do menor (15) Sol Maior (46) Gilberto Mendes (Santos 1922- ) Homenagem aos 90 anos! Sonatina Mozartiana (1951) Allegro Andante Allegro Eurico Carrapatoso (Mirandela - Portugal 1962- ) Seis histórias de crianças para divertir um artista (sob poesias de Violeta Figueiredo) (1ª audição no Brasil) O Raposo O fax do Papagaio D. abutre e o corvo Pombo-torcaz A minhoca Crocodilo A preceder cada peça o pianista lerá a poesia correspondente Claude Debussy (1862-1918) Sesquicentenário de nascimento Danse Sacrée - Danse Profane (transcrição para piano: Jacques Durand) Berceuse Héroïque Étude pour les cinc doigts Étude pour les tierces Étude pour les arpèges composés L'Isle Joyeuse ___________ Maria Angelica da Costa Brandao – Nhanha do Couto
José Eduardo Martins nasceu em 1938 na cidade de São Paulo, onde estudou com o professor russo José Kliass. Mais tarde, trabalhou durante alguns anos em Paris, com Marguerite Long, Jean Doyen e matérias teóricas com Louis Saguer. Seu vasto repertório estende-se do barroco à contemporaneidade. José Eduardo Martins tem 22 CDs gravados na Bélgica, Bulgária e Portugal, lançados pela Labor (U.S.A.), Portugaler and PortugalSom (Portugal) e, sobretudo, pelo selo De Rode Pomp, da Bélgica. É autor de diversos livros sobre música. José Eduardo Martins é Doctor Honoris-Causa pela Universidade Constantin Brancusi da Romênia e Acadêmico Honorário da Academia Brasileira de Música. Recebeu em Bruxelas, do governo brasileiro, a Ordem do Rio Branco e, por concessão de Sua Majestade Alberto II, Rei dos Belgas, a nomeação como Officier dans l’Ordre de la Couronne. Professor titular aposentado da Universidade de São Paulo. 66 RECITAL EM HOMENAGEM A NHANHA DO COUTO
– nasceu em 20 de agosto de 1880 na colonial Ouro Preto. Influenciada por seu pai, o maestro Francisco Vicente Costa e por sua mãe, Angelica Honorata Torres da Costa, também desde cedo se interessou pela musica. Aos 13 anos já se apresentava ao piano em recitais realizados no Rio de Janeiro e em Ouro Preto. Seu pai desejava vê-la tocar em grandes palcos, mas esse sonho se encerrou com o falecimento precoce de Francisco Vicente . Conforme relato de sua neta Belkiss Spenziere Carneiro de Mendonça, Nhanha perdeu, ao mesmo tempo, o pai, o mestre e o guia musical... Tudo mais foi esquecido! Carreira brilhante, glorias, palmas e flores. Em 1899 conheceu, apaixonou-se e se casou com o goiano Manoel Luiz do Couto Brandao, jovem goiano que estudava odontologia em Ouro Preto. O casal muda-se para a antiga Vila Boa levando na bagagem a mobília austríaca, um piano francês e a urgência de Nhanha em promover a vida cultural vilaboense: organizava matinês dançantes, audições de musicas, quermesses, grupos de teatro e festas à fantasia. Em 1914, cria uma orquestra para musicar os filmes mudos exibidos no recém-inaugurado Cinema Luso- Brasileiro. A orquestra tambem realizava concertos cujo repertorio seguia a moda operística da metrópole carioca. Já Nhanha, se exercitava tocando sonatas de Beethoven, valsas de Chopin, Preludios e Fugas de Bach e musica de compositores brasileiros como Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga. Nhanha do Couto foi também professora, integrando o quadro do tradicional Lyceu de Goias, alem de ter em sua própria casa um curso de alfabetização. Desse curso veio a iniciativa de levar essa pratica para moradores de lugares distantes. Com o aval do governo estadual, Nhanha foi pioneira na implantação do ensino rural, primeiro na região de Catalao, depois em Santa Luzia, Luziania e outras cidades. Nessas localidades, alem da alfabetização, organizava peças teatrais, festas cívicas e coros orfeônicos, realizando , por que não dizer, uma revolução artístico-cultural em terras goianas. Uma revolução que se ampliou através de sua neta Belkiss Spenziere Carneiro de Mendonça, preparada por Nhanha para realizar um sonho: a criação de uma escola de musica na jovem capital de Goias. Em 1955, Belkiss Spenziere Carneiro de Mendonça, junto com o Maestro Jean Douliez, cria e assume a direção do Instituto de Musica da Escola Goiana de Belas Artes, cujo primeiro corpo docente foi constituído por Maria Lucy da Veiga Teixeira, Maria Luiza Povoa da Cruz e Dalva Maria Pires Machado Bragança. Desvinculando-se da Escola de Belas Artes em 1956, o Instituto passa a chamar-se Conservatorio Goiano de Musica, e, em 1960, integra as cinco unidades que constituíram a Universidade Federal de Goias, com o nome de Conservatorio de Musica, hoje , Escola de Musica e Artes Cênicas da UFG.