sábado, 15 de outubro de 2011

Lili Y Put







Passear pelo universo minucioso, encantador, por vezes desastroso das miniaturas e desproporções. Das coisas despercebidas e insignificantes que incitam o devaneio. Como se pudéssemos emprestar do olhar incerto da criança, a ferocidade do provável e experienciar a psicanálise do brinquedo como desorganizadora de metáforas e ficções sinestésicas.

Lili y Put são guarda-chuvas de miudezas e diminutivos. Cheios de ruídos e fissuras que desembocam na imensidão onírica, na magia das cores e formas de micro-organismos que escapam de entre lugares. Que deliciam a instabilidade desproporcional entre desejos e coisas, entre o que se vê e o que se imagina, ou fantasia... Vagais de jardim, diluídos no tempo, perdidos em detalhes.

Esse interesse pela distorção de perspectivas, grandezas e descontinuidades desenham o esboço de uma dramaturgia lúdica e absurda, ao mesmo tempo capaz de refletir e acessar valores adormecidos. Lili y Put é uma declaração de amor ao design dos abomináveis insetos. Uma campanha contra os maus tratos à delicadeza dos elefantes.

O retorno à caixa de brinquedos, à contemplação das coisas pequenas e grandes, orienta a pesquisa de sons, imagens e movimentos que marcam o reencontro de Kleber Damaso e Morena Nascimento. Bailarinos de formação, mas que apostam no risco de pensar a criação em dança como espaço de relação, contágio, fluxo de informações. Articulando procedimentos que facilitam o trânsito de experiências, de perceptos e afetos, a cooperação e o impulso sinérgico do movimento.

A exemplo do deslocamento do designer francês, Benoit Faviere. Convidado especialmente pelo projeto para ampliar as possibilidades de interação do movimento com a produção de imagens em tempo real. Da imersão colaborativa no ateliê do artista plástico Pitágoras, tão esclarecedora da intensidade e ludicidade presentes nos objetos, adereços, nos vídeos cenários e na plasticidade dos movimentos. Das provocativas contribuições do musicista Fernando Barba e do artista educador Marcelo Poletto.

Morena Nascimento e Kleber Damaso se conheceram em 1998, quando alunos do curso de graduação em Dança da Unicamp e se reuniram para formar a “Outra Cia. de Dança”. Desse encontro resultaram experimentações coreográficas como Delivery, Qualquer Palavra Serve e Algumas Formas de Ficar Nu. Terminadas as graduações, apesar da distância e das trajetórias singulares, ambas com notória produtividade, mantiveram um espaço de diálogo e interação motivados pelo desejo de compartilhar ideias e processos de criação.

O reencontro então se concretiza em formato de residências, facilitado pela incorporação da comunicação em rede como forma de transmissão e produção de arte e conhecimento. Passear pela multiplicidade de sentidos, mover pela pulsão e urgência de comunicar e interagir. Permitir o corpo vibrar a intensidade das cores, das formas e a inventividade de suas histórias. Talvez aí se delineiem os motivos que deram vida a esse projeto, na autonomia de seus procedimentos, na liberdade poética de sua pesquisa e no prazer e encantamento de seus encontros.



Titulo Lili y Put – a observadora de lírios

Direção e Atuação: Morena Nascimento e Kleber Damaso

Designer de Vídeos e Imagens: Benoit Faviere

Desenho de Luz: Adriane Reis e Júnior de Oliveira

Colaboradores: Pitágoras, Marcelo Poletto e Fernando Barba

Assessoria de Comunicação: Larissa Mundin

Produção Geral: Guilherme Wolhgemuth

Duração: 40 minutos

Local: Centro Cultural UFG

Data: 17 de outubro de 2011 - segunda-feira

Agradecimentos Adriano Bittar, Centro Cultural UFG, Departamento de Dança da UFG, Fernanda Giulietti, Flávia Cruvinel, Gilmar Camilo, Gabriel Braga, Galeria Potrich, Quasar Cia. De Dança e Sala Crisantempo.

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